Moradores do Habiteto em Sorocaba vivem entre a paz e o medo

Entre a paz e o medo. É assim que 1.500 famílias vivem no Conjunto Habitacional Ana Paula Eleutério ,o Habiteto, bairro da zona norte de Sorocaba. O clima no local é pesado e tenso. Adultos, crianças e idosos caminham entre pontos de tráfico de drogas, veem pessoas armadas e produtos de roubo.
A vontade de ter uma vida normal, em que se pode brincar nas ruas ou simplesmente se sentar na calçada para conversar, é impedida naquele bairro pela criminalidade.
Ao avistarem alguém de fora, os moradores ficam de olhos bem abertos. Qualquer acontecimento por lá não é repercutido por eles. A repressão feita pelos bandidos é tanta que levou a comunidade a procurar por ajuda.
Crimes como receptação, venda de entorpecentes e porte ilegal de armas foram denunciados para a Polícia Militar por meio dos telefones 181 (disque-denúncia) e 190 (PM) e culminaram com a realização, na manhã de ontem, da Operação Bairro Seguro.
Além de combater a criminalidade, as autoridades pretendiam, com a ação, aliviar a tensão e levar a paz ao local.
Os moradores acompanharam tudo apenas com a cabeça para fora do portão. Quem passou pelo bairro se surpreendeu com o forte esquema organizado pela polícia e acredita que, desta vez, a criminalidade deve acabar.
O medo, entretanto, continua dominando o ambiente. Quem não foi preso por mandato ou flagrante segue impondo o terror, apenas por meio de sinais e olhares.

Repressão/ O BOM DIA tentou ouvir diversos moradores sobre a ação policial, mas com medo de retaliação, eles preferiram manter o silêncio.
Em poucas palavras, contam que sempre há alguém observando a reação deles. “Gostaria de falar, mas se dou alguma declaração é perigoso virem atrás de mim”, diz um morador. Outro revela: “Se falarmos algo, quem também corre risco são nossos filhos”.
Ao perceberem que a reportagem se aproximava, as pessoas entravam para dentro de suas casas. Um homem que acompanhava o trabalho da polícia advertiu: “Já tem uns caras olhando para cá”.
A repressão exercida pelos criminosos aos moradores é para que nada ocorra e que os policiais não tenham a atenção chamada. Eles querem continuar praticando os atos ilegais de maneira livre e sem serem incomodados. Por isso, até as crianças olham com desconfiança para pessoas de fora.

Ocupação vai durar sete dias
Vanclei Franci, capitão da PM e um dos comandantes da Operação Bairro Seguro, afirmou que a polícia foi ao bairro para atender aos pedidos da comunidade. “Durante nossa atuação, os moradores colaboraram passando mais informações, ajudando no sucesso do trabalho”, conta. “Apesar do receio, eles acreditam na polícia. Nosso objetivo é resgatar esse sentimento de segurança nos moradores.”
Os policiais vão permanecer no Habiteto por sete dias. Bases da PM foram montadas em diversos pontos, justamente para oferecer segurança a quem vive ali e inibir a criminalidade.
Ações sociais serão desenvolvidas no local. As atividades ficarão sob a responsabilidade da Prefeitura de Sorocaba e devem começar hoje.

Nove pessoas são presas na ação
A Operação Bairro Seguro teve início às 5h desta terça-feira (27) e nove pessoas –nenhum nome foi revelado – foram presas, sendo duas mulheres procuradas por tráfico de entorpecentes e roubo.
Drogas – 600 gramas e 164 de cocaína, 45 pedras de crack, bem como um quilo e mais 15 porções de maconha – e veículos irregulares foram apreendidos. Produtos de receptação também foram encontrados escondidos em casas do bairro.
Um roubo à residência que ocorreu anteontem, no Jardim Maria Eugênia, foi solucionado graças a ação policial. Na rua Zumbi dos Palmares, 112, foram encontrados o veículo Citroën C4 preto e diversos eletrodomésticos levados pelos bandidos.
Outro crime da mesma natureza, que ocorreu há 30 dias, no Jardim Novo Sorocaba, também foi esclarecido. O veículo Polo/VW, produto de receptação, foi recuperado. Até o chassi de uma motocicleta foi apreendido pela polícia.
As vítimas foram chamadas aos plantões da Zona Norte e Sul para reconhecer os objetos e os acusados pelos crimes.
Comandante da Força Tática, capitão Atílio Gracco, disse que, apesar das detenções e dos objetos recuperados, as investigações vão continuar. “A comunidade não aguenta mais essa pressão feita pelos criminosos”, afirma. “Aqui existe um sufocamento por causa da presença do tráfico e outros crimes. Estamos aqui [no Habiteto] para o bem de todos.”

O trabalho da polícia

Tudo fechado
As entradas e saídas do Habiteto foram fechadas pelo polícia. As trilhas que dão acesso ao local também foram cercadas para impedir a fuga de algum criminoso.

Todo mundo revistado
Quem passava pelo local foi parado e revistado. Uma fila de veículos se formou na avenida Itavuvu. Todos tiveram de parar para que a abordagem fosse realizada.

Ninguém ficou livre
Até mesmo os passageiros dos ônibus, como a linha 25-Itavuvu, não se livraram da revista policial. Mais de 20 pessoas tiveram que descer do coletivo.

Veículos guinchados
Cerca de 15 carros e motocicletas que estavam com documentos atrasados e com outras irregularidades foram guinchados.

Fonte: www.redebomdia.com.br

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